1.Introdução
A condição para os serviços de recuperação e reforços das estruturas de concreto depende da análise precisa das causas que os tornam necessários e do estudo detalhado dos efeitos produzidos. Para garantir a estabilidade das construções, em alguns casos, há necessidade de reabilitação ou reforço estrutural (Silva Filho e Helene, 2011; Jumaat e Alam, 2008). Definido esse ponto, passa-se então à escolha da técnica adequada, que inclui a cuidadosa seleção dos materiais e equipamentos a serem empregados e a mão de obra necessária para a execução do serviço. O reforço caracteriza-se como uma atividade específica para os casos em que se deseja aumentar a resistência e/ou rigidez de uma estrutura. (Helene, 2000; Alfaiate e Costa, 2004; Tisot, 2010).
O reforço por adição externa de chapas metálicas coladas é caracterizado pela união da superfície de concreto à chapas de aço através de uma resina com alta capacidade de adesão e resistência mecânica. É uma opção para reforço de elementos de concreto, de rápida e simples execução, recomendada principalmente quando é necessário reforçar a estrutura em um tempo curto, ou quando não é possível fazer grandes alterações na geometria da peça (Campagnolo et al., 1994; Santos, 2008; Aykac et al., 2013). No final do processo tem-se um elemento estrutural composto por concreto-resina-aço, o que possibilita à estrutura uma resistência maior aos esforços solicitantes. Como consequência tem-se um elemento mais rígido que deforma pouco antes de iniciar o colapso. É de fundamental importância que a resina utilizada para fazer a colagem concreto-aço seja de qualidade comprovada e a superfície do concreto e do aço sejam devidamente preparadas (Cánovas, 1998; Cánovas, 1985). A colagem das chapas metálicas é feita com resinas de epóxi porque apresentam adequado módulo de rigidez, excelentes propriedades adesivas com o concreto e o aço e baixa retração durante o processo de cura, garantindo a integridade da superfície de ligação (Melo Júnior, 1997; Patiño, 2005; Simões, 2007).
A aderência entre concreto-resina-aço é primordial para o bom funcionamento do reforço, pois proporciona a transferência de esforços entre os elementos. Estudos realizados mostram variadas soluções para prevenir tipos de ruptura por falha de aderência e destacamento da chapa, exemplo: aumento na relação largura/espessura da chapa; término das chapas nas proximidades dos apoios; utilização de chumbadores e outros dispositivos para ancoragem das chapas (Oehlers, 1990; Hussain, 1995; Ali, 2005; Simões, 2007; Narayanamurthy, 2012). Outro fator importante para melhorar a durabilidade do reforço é realizar um tratamento com pintura anticorrosiva nas superfícies externas da chapa que não ficaram em contato com a resina epóxi. (Souza e Ripper, 1988). Dentro desse contexto, a escolha de configurações e técnicas adequadas são de fundamental importância para o bom desempenho mecânico do reforço estrutural (Perelles et al, 2013), além de proporcionar uma melhor relação custo/benefício no processo de reabilitação da estrutura.
O presente estudo tem como objetivo avaliar experimentalmente a capacidade portante de vigas de concreto armado com diferentes configurações de reforço metálico com chapas de aço SAE 1020: i) diferentes espessuras (0,75 mm, 1,50 mm e 2,25 mm), (ii) comprimentos (80 cm e 150 cm) e (iii) perfil U ou simplesmente plana. O intuito final é de revisar e comparar as melhores práticas de reforço estrutural com chapa colada.
2.Procedimento experimental
Foram moldadas 21 vigas com seções transversais de 12x20 cm e comprimento de 200 cm, concreto com resistência média à compressão de 25 MPa aos 28 dias e para a armadura de flexão foi utilizado aço CA-50 com 2xØ = 10 mm (domínio 3 - x/d = 0,2893). Os estribos empregados possuíam Ø=5 mm e espaçamento de 10 cm. A Figura 1 mostra o detalhamento empregado nas vigas.
As vigas foram concretadas com auxílio de vibradores de imersão, sendo utilizados espaçadores plásticos com 2,5 cm para garantir o cobrimento da armadura. A Figura 2 mostra a sequência da fabricação das vigas.
O processo de desforma das vigas foi aos 7 dias. Aos 28 dias as vigas foram submetidas a ensaios de flexão em 4 pontos, o que permitiu analisar as cargas últimas e deslocamentos verticais. Para o controle da resistência à compressão do concreto foram moldados 12 corpos de prova (cps) cilíndricos (Ø10x20 cm) para serem rompidos aos 7 e 28 dias (3 cps por idade/ 2 concretagens) e para verificar a trabalhabilidade do concreto foi realizado o ensaio de abatimento de tronco de cone (slump-test). As vigas foram divididas em 7 grupos com 3 amostras cada, conforme mostra a Tabela 1. As vigas dos grupos A, B, C e D foram fabricadas na mesma concretagem e as vigas do grupos E, F e G em outra betonada. As vigas dos grupos A e E foram adotadas como referência para cada betonada. A partir do resultado mais satisfatório entre as espessuras de chapa dos grupos B, C e D foram preparadas as vigas dos grupos E, F e G.
Vigas de referência sem reforço. | Vigas com chapas retas com espessuras diferentes. | Vigas com chapas perfil U com comprimentos diferentes. |
---|---|---|
Grupo A | Grupo B (0,75 mm) | Grupo F (150 cm) |
Grupo E | Grupo C (1,50 mm) | Grupo G (80 cm) |
- | Grupo D (2,25 mm) | - |
2.1 Aplicação do reforço - 1ª etapa: chapas retas com espessuras diferentes.
Para efetuar o reforço estrutural foram utilizadas chapas de aço SAE 1020 com largura de 12 cm e comprimento de 150 cm. O adesivo estrutural utilizado foi o EP, um bicomponente a base de epóxi da marca Bautech®, com características de alta adesividade, resistência química e mecânica, material pré-dosado, impermeável a água e óleo, além de dureza inicial em 12 horas e cura total em 7 dias. A aplicação do adesivo estrutural epóxi nas vigas seguiu as recomendações do fornecedor, iniciando pelo preparo do substrato, em que a superfície de aplicação foi isenta de pó, desmoldantes ou qualquer substância que atrapalhasse na adesão, sendo esse procedimento realizado com auxílio de uma escova de aço. O preparo do adesivo estrutural epóxi ocorreu pela homogeneização dos componentes separadamente de forma manual. Após, adicionou-se o componente B (endurecedor) sobre o componente A (resina), misturando-os por 5 minutos. A aplicação do adesivo estrutural epóxi foi realizado com auxílio de uma espátula sobre toda superfície a ser colada, com espessura mínima de 2 mm e rendimento de aproximadamente 0,7 kg/m2.
Antes da aplicação do adesivo, foram feitas ranhuras por intermédio de uma lixadeira elétrica nas chapas de aço, objetivando melhorar as condições de aderência junto à superfície do concreto. Após a fixação das chapas, as mesmas foram submetidas a uma rápida pressão uniforme, para que o excesso de resina eventualmente existente fosse expulso. Essa pressão foi exercida através de um martelo de borracha. Posteriormente, blocos de concreto foram posicionados nas extremidades e na região central das chapas, sistema este mantido por 7 dias e encoberto por lona plástica. A aplicação do adesivo estrutural epóxi nas vigas principais foi realizada aos 21 dias, e o ensaio instrumentado de flexão aos 28 dias da concretagem. As etapas do preparo do substrato, do adesivo estrutural epóxi, bem como a aplicação das chapas de aço nas vigas podem ser visualizadas na Figura 3.
2.2. Aplicação do reforço - 2ª etapa: perfil de aço "U" com mesma espessura.
A partir dos resultados obtidos com os ensaios dos grupos B, C e D, as vigas dos grupos F e G foram preparadas e reforçadas com perfil de aço SAE 1020 com 12 cm de base, abas com altura de 15 cm e espessura de 0,75 mm (formato perfil "U"), sendo que o grupo F apresentava 150 cm de comprimento e o grupo G apresentava 80 cm de comprimento. A diferença no comprimento das chapas foi proposital para avaliar a área de maior concentração de esforços, que se encontra justamente nos pontos de aplicação da carga, ou seja, no terço central da viga.
O adesivo utilizado foi o mesmo descrito no item 2.1. A aplicação pode ser acompanhada na Figura 4, e foi efetuada conforme especificações do fabricante, para os dois comprimentos do perfil: (i) execução de ranhuras na superfície de aço para uma melhor aderência entre o perfil e a superfície de concreto; (ii) superfície de concreto limpa e isenta de pó, graxa, óleo, desmoldantes ou qualquer substância que possa afetar a adesão, efetuada com auxílio de uma escova de aço; (iii) mistura dos componentes A (resina) e B (endurecedor), feita durante 5 minutos; (iv) aplicação do adesivo epóxi nas vigas com espessura mínima de 2 mm; (v) colocação de grampos (sargentos) para que o perfil de aço ficasse pressionado e o mais justo possível junto à viga, favorecendo assim a aderência do perfil ao concreto. Este sistema foi mantido por 7 dias.
2.3. Ensaio de flexão em 4 pontos.
Conforme pode ser observado na Figura 5, as vigas estão posicionadas sob um pórtico metálico, onde a carga foi aplicada por meio de um cilindro hidráulico, com capacidade de 500 kN, transferidos para os terços médios da viga através de perfil metálico, apoiado sobre 2 roletes. Os valores de incremento de carga ao longo do ensaio foram obtidos a partir de uma célula de carga posicionada na base do cilindro. Os deslocamentos no vão central da viga foram medidos a partir de 2 transdutores indutivos de deslocamento (LVDTs) com capacidade de leitura de 100 mm, os quais foram posicionados em lados opostos no vão central da viga com intuito de se obter a média dos valores para uma melhor consideração do deslocamento central da viga. Para aquisição dos dados foi utilizado o sistema Quantum X® que utiliza o software Catman Easy®, ambos da marca HBM.
As verificações foram feitas para analisar o comportamento de cada grupo em diferentes instantes de aplicação de carga: (i) no deslocamento máximo (L/250), permitido pela norma ABNT NBR 6118:2014; (ii) na carga de ruptura; (iii) destacamento da chapa e modo de ruptura.
3.Resultados e discussões
O resultado do abatimento de tronco de cone foi de 11,0 cm para betonada dos grupos A, B, C e D e 10,0 cm para betonada dos grupos E, F, G. Os resultados obtidos nos ensaios de resistência à compressão axial, de acordo com a ABNT 5739:2007, estão indicados na Tabela 2.
Grupos | Idade (dias) | Corpos de prova | fc (MPa) | fcm (MPa) | Desvio padrão |
---|---|---|---|---|---|
A, B, C e D | 7 | 1 | 21,5 | 21,2 | 2,0 |
2 | 23,0 | ||||
3 | 19,1 | ||||
28 | 4 | 24,1 | 25,2 | 1,3 | |
5 | 26,5 | ||||
6 | 25,0 | ||||
E, F e G | 7 | 7 | 18,1 | 21,4 | 3,0 |
8 | 24,0 | ||||
9 | 22,0 | ||||
28 | 10 | 30,0 | 29,7 | 1,8 | |
11 | 27,8 | ||||
12 | 31,3 |
3.1 Resultados - 1ª etapa: chapas retas com espessuras diferentes.
Ao aplicar a carga até atingir o deslocamento máximo estabelecido pela norma ABNT NBR 6118:2014, verificou-se que os grupos apresentaram disparidades nos valores de resistência conforme apresentados na Tabela 3. O grupo A é a referência para a análise e interpretação dos resultados em geral por se tratar de vigas sem reforço. Dessa forma, os grupos B, C e D atingiram cargas médias maiores para o deslocamento máximo admissível (7,20 mm), sendo 36% superior do grupo B em relação ao grupo A. Do mesmo modo, o grupo C apresentou um acréscimo de 30% e por fim o grupo D atingiu um carregamento de 26% maior para o deslocamento determinado.
Grupo | Vigas | Carga (kN) | Flecha (mm) |
---|---|---|---|
A | A1 | 38,6 | 7,2 |
A2 | 42,8 | 7,2 | |
A3 | 42,6 | 7,2 | |
Média | 41,4 | - | |
Desvio padrão | 2,4 | - | |
B | B1 | 58,1 | 7,2 |
B2 | 56,9 | 7,2 | |
B3 | 53,3 | 7,2 | |
Média | 56,1 | - | |
Desvio padrão | 2,5 | - | |
C | C1 | 54,1 | 7,2 |
C2 | 53,4 | 7,2 | |
C3 | - | 7,2 | |
Média | 53,8 | - | |
Desvio padrão | 0,5 | - | |
D | D1 | - | 7,2 |
D2 | 51,2 | 7,2 | |
D3 | 53,2 | 7,2 | |
Média | 52,2 | - | |
Desvio padrão | 1,4 | - |
O maior acréscimo de cargas foi de 36%, inferior ao máximo de 50% recomendado por Souza e Ripper (1998). O carregamento crescente e os deslocamentos atingidos na ruptura estão dispostos na Tabela 4. Nesta etapa, o comportamento dos percentuais que justificam o aumento da capacidade portante entre os grupos foram semelhantes ao deslocamento máximo permitido por norma (L/250). O grupo B atingiu um carregamento 29% superior ao grupo A, já os deslocamentos obtidos foram próximos entre os dois grupos. Porém, os deslocamentos finais para os grupos C e D se apresentaram abaixo da determinação normativa, pois as vigas atingiram ruptura de forma brusca momentos antes de superar o deslocamento admissível (7,20 mm). Quanto ao carregamento, o grupo C foi 24% mais elevado em comparação ao grupo A, assim como o grupo D, que foi de 16%. O comportamento dos ensaios na íntegra, com os determinados instantes de aplicação de carga, podem ser visualizados na Figura 6.
Grupo | Vigas | Carga (kN) | Flecha (mm) |
---|---|---|---|
A | A1 | 48,8 | 9,7 |
A2 | 51,9 | 9,4 | |
A3 | 51,7 | 9,9 | |
Média | 50,8 | 9,7 | |
Desvio padrão | 1,7 | 0,3 | |
B | B1 | 66,2 | 9,4 |
B2 | 65,3 | 9,8 | |
B3 | 65,4 | 10,6 | |
Média | 65,6 | 9,9 | |
Desvio padrão | 0,5 | 0,6 | |
C | C1 | 64,1 | 6,1 |
C2 | 61,8 | 5,9 | |
C3 | - | - | |
Média | 63,0 | 6,0 | |
Desvio padrão | 1,6 | 0,1 | |
D | D1 | - | - |
D2 | 55,1 | 3,6 | |
D3 | 63,1 | 4,2 | |
Média | 59,1 | 3,9 | |
Desvio padrão | 5,6 | 0,4 |
As vigas dos grupos C e D não apresentaram a mesma tendência no gráfico (Figura 6), chegando a ruptura em 62,96 kN no grupo C e 59,10 kN no grupo D. Nesses dois grupos, a ruptura do reforço ocorreu de forma brusca em uma das extremidades das vigas, arrancando consigo uma porção de concreto com a chapa de aço colada, que chegava até a armadura positiva. Essas rupturas aconteceram antes de que fosse atingido o limite do deslocamento admissível (L/250).
As imagens das vigas estão apresentadas na Figura 7 para melhor demonstrar o destacamento das chapas e o modo de ruptura durante a realização dos ensaios.
Os grupos A e B apresentaram comportamentos semelhantes no que se refere ao aparecimento de fissuras entre os terços médios e o não destacamento da chapa de aço SAE 1020 de 0,75 mm. Os grupos C e D apresentaram comportamentos similares entre eles, em relação as fissuras mais acentuadas, até a extremidade do reforço e o arrancamento do concreto com a chapa até a armadura de combate à flexão. Considerando os resultados não satisfatórios dos grupos C e D, uma solução a ser adotada é a introdução de chumbadores nas extremidades das chapas de aço SAE 1020 coladas, que ajudaria a dissipar o acúmulo de tensões nessa região. Na Figura 8 pode-se observar que com o aumento das espessuras das chapas de aço SAE 1020, ocorre a diminuição da carga de suporte das vigas, ou seja, é um comportamento linear decrescente.
3.2. Resultados - 2ª etapa: chapas com perfil U de mesma espessura.
No carregamento no deslocamento máximo permitido por norma (L/250), o grupo F apresentou 20% de acréscimo na média dos valores em relação ao grupo E (referência), enquanto que o grupo G apresentou um acréscimo médio de 16% (Tabela 5). Nota-se que o grupo reforçado com o perfil de maior comprimento (Grupo F) apresentou maior eficiência quanto à resistência para atingir o deslocamento de 7,2 mm.
GRUPO E | GRUPO F (150 cm) | GRUPO G (80 cm) | ||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Vigas | Carga (kN) | Flecha (mm) | Vigas | Carga (kN) | Flecha (mm) | Vigas | Carga (kN) | Flecha (mm) |
E1 | 44,2 | 7,2 | F1 | 43,0 | 7,2 | G1 | 53,5 | 7,2 |
E2 | 46,0 | 7,2 | F2 | 61,1 | 7,2 | G2 | 51,1 | 7,2 |
E3 | 44,9 | 7,2 | F3 | 57,6 | 7,2 | G3 | 52,6 | 7,2 |
Média | 45,0 | - | 53,9 | - | 52,4 | - | ||
Desvio padrão | 0,9 | - | 9,6 | - | 1,2 | - |
No carregamento necessário para levar as vigas à ruptura (Tabela 6), observou-se um incremento de carga maior referente ao grupo F (150 cm). Tal grupo apresentou 14% de aumento de resistência, enquanto que o grupo G apresentou queda de resistência quando comparado ao grupo E (referência), sendo este valor expresso em 6%. A partir do gráfico da Figura 9 é possível observar o comportamento de cada grupo relacionando a carga e o respectivo deslocamento.
GRUPO E | GRUPO F (150 cm) | GRUPO G (80 cm) | ||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Vigas | Carga (kN) | Flecha (mm) | Vigas | Carga (kN) | Flecha (mm) | Vigas | Carga (kN) | Flecha (mm) |
E1 | 63,4 | 23,4 | F1 | 61,0 | 28,7 | G1 | 59,9 | 18,1 |
E2 | 66,3 | 17,8 | F2 | 82,6 | 13,1 | G2 | 60,4 | 11,9 |
E3 | 64,3 | 11,4 | F3 | 77,3 | 12,6 | G3 | 61,6 | 8,9 |
Média | 64,6 | 17,5 | 73,6 | 18,1 | 60,6 | 13,0 | ||
Desvio padrão | 1,5 | 6,0 | 11,3 | 9,2 | 0,9 | 4,7 |
Observa-se nitidamente o aumento da rigidez da viga com a adição da chapa de aço. Entretanto a viga F1 (Figura 10b) apresentou comportamento diferente das demais, pois houve o destacamento precoce da chapa de aço da viga, diminuindo o acréscimo de resistência do reforço, e posteriormente levando à ruptura com a carga de 60,97 kN, similarmente a viga de referência do grupo E. Tal fato pode ser resultado de uma provável má aplicação do adesivo epóxi, o que não proporcionou boa ancoragem do perfil metálico ao concreto.
É possível notar a eficiência do reforço das vigas do grupo F (vigas F2 e F3), com o perfil de 150 cm, porém com cargas elevadas também ocorre o destacamento da chapa (Figura 9). As vigas do grupo B, com o perfil de 80 cm, apresentaram comportamento inferior ao grupo E (grupo de referência). Os deslocamentos médios foram semelhantes entre os grupos E e F, na média de 17,8 mm, enquanto que no grupo G o deslocamento foi em média de 13,0 mm. A viga F1 rompeu por flexão e destacamento do perfil de aço, seguida de esmagamento do concreto na região central da viga. Já as vigas F2 e F3 apresentaram fissuras por cisalhamento e também o rompimento por destacamento do perfil de aço, com o esmagamento do concreto no centro da viga F2 e na viga F3 na região próximo ao apoio. A análise feita das vigas do grupo G, reforçadas com o perfil de aço com 80 cm de comprimento, apresentaram comportamento de fissuras semelhante aos do grupo F: rompimento por destacamento do perfil de aço, sendo que, nas vigas G1 e G3, o arrancamento do concreto foi próximo à região central, e na viga G2, próximo ao apoio.
4. Conclusões
A partir dos resultados obtidos conclui-se que:
O aumento da espessura do reforço com chapa de aço SAE 1020 proporcionou uma menor resistência à flexão das vigas, sendo que as espessuras de chapa com 1,50 mm e 2,25 mm provocaram destacamento da chapa no concreto antes do limite normativo de deslocamento em L/250 = 7,2 mm. Vale ressaltar que esse fato acarreta riscos para as implementações dessas espessuras de chapas. Entretanto pode-se dizer que a utilização de chapas retas com espessura de 0,75 mm é viável e de rápida execução, pois não houve necessidade de inserir pinos de ancoragem.
A utilização do perfil com 150 cm propiciou um acréscimo da resistência de flexão, porém com ruptura por destacamento laterais da chapa com deslocamentos no vão central superiores a 7,20 mm (L/250). O uso do perfil com 80 cm se mostrou inviável devido ao destacamento precoce da chapa imediatamente após atingir o deslocamento central de 7,20 mm (L/250).
De maneira geral pode-se dizer que a utilização de chapas coladas sem utilização de pinos de ancoragem é viável quando o objetivo é o aumento imediato da capacidade de suporte de vigas de concreto armado aliado ao baixo custo relativo desta configuração de reforço. Porém a eficiência dessa utilização está diretamente correlacionada a ancoragem das chapas para evitar a falha por destacamento. Vale salientar que parâmetros ligados a durabilidade, como a corrosão da chapa de aço e a estabilidade da resina epóxi, não foram levados em consideração nesta pesquisa, no entanto em uma aplicação real tais parâmetros devem ser rigorosamente considerados, principalmente em relações de custo/benefício para a efetiva segurança estrutural.